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Estilo de Aprendizagem Socioemocional


Aprendizagem Socioemocional

Diferentes modelos para formar pessoas completas

Nos últimos anos, a aprendizagem socioemocional (ASE) tem ganhado destaque nas escolas, nas famílias e nas políticas públicas de educação. Em um mundo cada vez mais complexo e interconectado, desenvolver apenas competências cognitivas já não é suficiente. É preciso aprender a lidar com as emoções, construir relações saudáveis e tomar decisões responsáveis — habilidades que moldam não só o sucesso profissional, mas também o bem-estar pessoal e social.

Mas afinal, existe um modelo único para trabalhar a aprendizagem socioemocional?
A resposta é não. Diversas estruturas teóricas foram criadas para orientar escolas e educadores, e cada uma delas traz contribuições valiosas. Entre as mais conhecidas estão o modelo da CASEL, os Quatro Pilares da Educação propostos por Jacques Delors para a UNESCO, e o modelo de competências em “famílias”, defendido por organizações como a OCDE.

O modelo CASEL

A CASEL (Collaborative for Academic, Social and Emotional Learning) é uma das referências mais amplamente usadas no mundo. Sua estrutura destaca cinco competências essenciais:

  1. Autoconsciência: reconhecer emoções, valores, pontos fortes e limitações pessoais.
  2. Autogestão: regular as emoções, manter o foco, lidar com o estresse e estabelecer metas.
  3. Consciência social: desenvolver empatia e compreender diferentes perspetivas culturais e sociais.
  4. Habilidades de relacionamento: comunicar-se de forma assertiva e construir vínculos saudáveis e colaborativos.
  5. Tomada de decisão responsável: agir de forma ética e ponderada nas escolhas pessoais e sociais.

Essas competências formam a base de programas de ASE em escolas de todo o mundo, promovendo um ambiente mais acolhedor, inclusivo e propício à aprendizagem integral.


O modelo das “Famílias de Competências”

A OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico) também tem investigado as competências socioemocionais que impactam o bem-estar e o desempenho dos estudantes. Seu modelo organiza essas competências em “famílias”, que refletem traços de personalidade e atitudes relacionadas à aprendizagem e à convivência:

  • Amabilidade: ser cooperativo, empático e prestativo.
  • Abertura ao novo: ter curiosidade, criatividade e mente aberta.
  • Conscienciosidade: agir com responsabilidade, persistência e organização.
  • Extroversão: demonstrar energia social e facilidade de interação.
  • Estabilidade emocional: lidar bem com pressões e manter equilíbrio interno.

Essa abordagem conecta a aprendizagem socioemocional ao conceito de competências para a vida, preparando os estudantes para desafios acadêmicos, profissionais e pessoais.


Os Quatro Pilares da Educação

Em 1996, o educador e economista francês Jacques Delors, presidente da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, apresentou à UNESCO o relatório “Educação: um tesouro a descobrir”.
Nesse documento histórico, Delors propôs os Quatro Pilares da Educação, que se tornaram uma referência global para o desenvolvimento humano integral:

  • Aprender a conhecer: cultivar a curiosidade, o pensamento crítico e o prazer de aprender.
  • Aprender a fazer: aplicar o conhecimento em situações práticas e colaborativas.
  • Aprender a conviver: compreender o outro, respeitar as diferenças e valorizar a diversidade.
  • Aprender a ser: fortalecer a identidade, a autonomia e o equilíbrio emocional.

Esses pilares representam uma visão humanista e integral da educação, na qual o aprender vai muito além do conteúdo — envolve o desenvolvimento de todas as dimensões do ser humano.

Integrar, e não escolher

Embora cada modelo apresente uma estrutura diferente, todos partilham a mesma essência: formar pessoas mais conscientes, empáticas e resilientes.
A educação socioemocional não deve ser vista como uma disciplina isolada, mas como um eixo transversal que permeia todas as áreas do conhecimento e todas as práticas escolares.

Quando a escola ensina a nomear emoções, resolver conflitos e cooperar, ela contribui para um ambiente mais humano — e, consequentemente, mais propício à aprendizagem.

Investir em aprendizagem socioemocional é investir em cidadania, convivência e bem-estar.
Mais do que preparar para provas, a escola que valoriza o desenvolvimento socioemocional prepara para a vida — ajudando cada aluno a conhecer-se, relacionar-se e transformar o mundo à sua volta.

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Referências:

  • CASEL. Collaborative for Academic, Social, and Emotional Learning. 
  • Delors, J. (1996). Educação: um tesouro a descobrir. Relatório para a UNESCO.
  • OCDE. Social and Emotional Skills: Well-being, Connectedness and Success. OECD Publishing.

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