A palavra "pilar" evoca uma imagem de força
e estabilidade. Na construção civil, os pilares são colunas de concreto que
fornecem a sustentação necessária para edifícios e estruturas. De maneira
semelhante, no contexto das ideias e conceitos, um pilar representa uma base
fundamental, sem a qual o conceito em questão não se sustentaria.
A alfabetização, assim como uma edificação, precisa de
uma estrutura sólida para ser bem-sucedida. E é sobre esta estrutura que nos
debruçamos, identificando os quatro pilares essenciais que sustentam o processo
de alfabetização:
Estrutura Alfabética: O entendimento de que as letras
representam sons e que esses sons formam palavras.
Repertório linguístico : A aquisição de um conjunto de
palavras e seu significado, é fundamental para a leitura e escrita.
Percepção Oral: A habilidade de ouvir, entender e
interpretar a linguagem falada.
Consciência fonológica: A capacidade de reconhecer e
usar os sons da fala.
Esses pilares, juntos, formam a base sobre a qual o edifício da alfabetização é construído, garantindo que o processo de aprendizagem da leitura e escrita seja eficaz e duradouro.
Estrutura Alfabética
A Estrutura Alfabética desempenha um papel central no
processo de alfabetização. Ele engloba o entendimento sobre os nomes, formas e
sons das letras, formando a base fundamental para identificar palavras. Uma
distinção clara entre um leitor habilidoso e outro com dificuldades é a
capacidade de associar corretamente letras a seus respectivos sons. Portanto,
dominar o princípio alfabético é importante para o desenvolvimento efetivo da
leitura.
Segundo Morais (1996) citado por Scherer (2008), o alfabeto é uma invenção humana, surgindo da demanda das sociedades para representar por escrito o que é expresso oralmente: o fonema. Esta inovação permitiu que os seres humanos analisassem sua fala, segmentando-a em partes menores. Desta forma, para que a habilidade da escrita floresça, é imperativo entender e aplicar as associações grafo-fonológicas, compreendendo, assim, a intrínseca relação entre a escrita e a fala.
Repertório linguístico
O vocabulário refere-se ao conjunto de palavras que as crianças adquirem, é o seu repertório linguístico o qual é fundamental para uma comunicação eficaz. Há uma relação intrínseca entre o tamanho do vocabulário de uma criança e seu desempenho acadêmico. De fato, um vocabulário robusto muitas vezes prevê a capacidade de aprender a ler conforme indicado por Hart e Risley (2003), a exposição a um ambiente linguístico rico nos primeiros anos de vida tem um impacto profundo no desenvolvimento do vocabulário.
Crianças aprendem e expandem seu vocabulário de maneiras diretas e indiretas. Contudo, a maioria do aprendizado de vocabulário ocorre de forma indireta, especialmente através da exposição a contextos conversacionais. Uma estratégia valiosa para enriquecer o vocabulário é engajar a criança em conversas durante atividades cotidianas. Brincar, ler, cantar e simplesmente conversar em diferentes situações ampliam o vocabulário e aprimoram as habilidades linguísticas (Neuman & Dwyer, 2009).
A linguagem floresce através da interação. Portanto, a promoção e estímulo contínuos ao desenvolvimento do vocabulário são vitais para preparar as crianças para a alfabetização e futuros aprendizados. Atividades como cantar, conversar, ler e brincar são essenciais para cultivar habilidades linguísticas. É imperativo que a criança se sinta motivada e envolvida, permitindo um processo de comunicação mais fluido e eficaz.
Percepção Oral
A compreensão é um componente-chave no percurso da alfabetização, envolvendo tanto a habilidade auditiva quanto a escrita. A compreensão oral é uma habilidade que, muitas vezes, prediz a futura capacidade de leitura de uma criança. Conforme indicado por Hjetland et al. (2019), a compreensão oral em idade pré-escolar é uma forte preditora do desenvolvimento subsequente da leitura.
A exposição precoce a histórias e textos lidos em voz alta é essencial para fomentar essa habilidade (Mol & Bus, 2011). Quando um adulto lê para uma criança, está não só compartilhando uma história, mas também modelando aspectos da linguagem como entonação, ritmo e pronúncia. Além disso, ao discutir o conteúdo, a criança começa a estabelecer conexões entre o que ouve e o mundo ao seu redor.
Dessa forma, a importância da estimulação precoce, particularmente no contexto da leitura, é indiscutível. Ambientes em que a leitura é uma atividade cotidiana podem fornecer à criança um alicerce sólido para sua jornada literária. Sénéchal e Young (2008) ressaltam que o envolvimento familiar com a leitura pode ter implicações significativas para o desenvolvimento da alfabetização da criança, moldando sua trajetória educacional.
Consciência Fonológica
A consciência fonológica é intrinsecamente ligada ao
princípio alfabético. Compreender a segmentação da língua em fonemas é vital
para entender completamente o sistema de escrita (SANTOS; NAVAS, 2002). Como
Capovilla e Capovilla (2004, p. 88) ressaltam: “A habilidade de discriminar e
manipular os segmentos da fala é um quesito fundamental para a aquisição da
leitura e escrita”.
Este domínio metalinguístico é um forte indicador de
sucesso no processo de alfabetização. Quanto mais desenvolvidas são as
habilidades de consciência fonológica, mais facilmente a criança dominará a
leitura e a escrita.
Desde os primeiros balbucios, a criança começa a
desenvolver habilidades de consciência fonológica, explorando e manipulando a
linguagem de forma espontânea. Os níveis desta consciência incluem:
Rima: Capacidade de reconhecer e produzir palavras que
terminam com o mesmo som.
Aliteração: Sensibilidade para identificar e produzir
palavras que começam com o mesmo som.
Consciência de palavras: Habilidade de distinguir
palavras individualmente em uma frase ou versículo.
Consciência de sílabas: Capacidade de perceber e
manipular sílabas em palavras.
Consciência fonêmica: Habilidade de reconhecer e
manipular fonemas individuais em palavras, que é o nível mais sofisticado de
consciência fonológica.
É necessário introduzir essas habilidades
sequencialmente, do mais simples ao mais complexo, para garantir uma progressão
lógica no aprendizado.
Para fomentar a consciência fonológica, existem várias estratégias, seja em ambientes domésticos, escolares ou clínicos. Em todos os contextos, é essencial integrar atividades que envolvam a interação com sons e jogos de escuta.
Desta forma ...
Os alicerces da alfabetização, notadamente a compreensão oral e a expansão do vocabulário, desempenham papéis essenciais no desenvolvimento acadêmico da criança. Estes fundamentos, quando consistentemente reforçados, estabelecem a base para uma aprendizagem fluente e profunda. Seja no ambiente familiar, na escola ou em contextos especializados, pais, educadores e profissionais da educação, todos têm a responsabilidade compartilhada de nutrir e cultivar esses pilares. Juntos, podemos pavimentar um caminho robusto para uma educação integral e enriquecedora.
Separamos um material especial para você: Atividades de Consciência fonológica V.1.
Temos uma versão em preto e branco e outra colorida, ambas superdivertidas.
Seus pequenos vão amar se divertir enquanto aprendem! Eu quero meu material!
0 Comentários